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Os médicos e a Violência Obstétrica

Conheça a visão de uma enfermeira e de uma das entrevistadas das gravações de "O povo fala", sobre a violência obstétrica.


Imagem: amodireito.com;


O termo "Violência Obstétrica", ganhou força nos anos 2000, quando as comunidades que lutavam pelos Direitos Humanos e da Mulher passaram a defender o parto humanizado. Ele aborda o desrespeito à mulher, à sua autonomia, ao seu corpo e aos seus processos reprodutivos. Podendo manifestar-se por meio de violência verbal, física ou sexual e pela adoção de intervenções e procedimentos desnecessários e sem evidências científicas. Mas, qual deve ser a atitude de um médico ao presenciar seu colega de trabalho violentando uma paciente?


A pediatra Flavia Regina, médica da UTI Neonatal do Hospital Beneficente UNIMAR, contou que é dever desses profissionais sempre relatar tudo em prontuário médico. Este, é um documento da paciente, no qual todo o processo do parto deve ser registrado para a proteção da mãe e também dos médicos responsáveis. Segundo Flávia, ela já presenciou casos de Violência Obstétrica durante seus anos de trabalho, porém afirma que antigamente era mais recorrente do que nos dias atuais.


Camila Maximiano Fagundes, de 35 anos,planejou seu parto e esteve preparada para situações em que se sentisse desprotegida. Para ela, a violência obstétrica acontece sempre que a equipe médica não respeita a opinião e os desejos da paciente no momento do parto. Camila priorizou sua humanização do pré-natal até o momento de dar a luz e questionou procedimentos que considerou invasivo.


"O meu parto foi em um hospital público, com uma médica do meu convênio. Mas desde o início eu estudei muito sobre dar a luz e expliquei para a minha médica sobre como queria que acontecesse o meu parto humanizado, para não sofrer violência obstétrica", relata Camila.


Contudo, quando uma mulher sofre essa violência, é necessário que médicos e enfermeiros presentes no momento, usem suas vozes e relatem a situação ocorrida. Isso é um dever do profissional e está presente no Código de Ética Médica: "O médico guardará absoluto respeito pelo ser humano e atuará sempre em seu benefício, mesmo depois da morte. Jamais utilizará seus conhecimentos para causar sofrimento físico ou moral, para o extermínio do ser humano ou para permitir e acobertar tentativas contra sua dignidade e integridade".


Por isso, cabe a órgãos como o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), por exemplo, realizar ações preventivas que visam aprimorar os procedimentos técnicos e atualizar os conhecimentos desses profissionais em um programa de aprendizagem continuada. Assim, ao investir na preparação de seus profissionais, o CRM busca evitar condutas que resultem em erros médicos, sejam eles éticos ou de procedimentos.


Camila conclui, "Hoje nós temos a Casa Angela, e outras casas de parto humanizado, que oferecem informações sobre o trabalho de parto e acolhimento. Geralmente a mulher tem que buscar essas informações pois os profisisonais não nos informam. Nos hospitais públicos eles tratam muito mal as pacientes. É muito triste pois é um momento muito especial para ser triste".

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