top of page

O povo fala - Violência Obstétrica | Ep. 3

Reportagem com diversas mulheres gravada no parque Villa-Lobos, em Jaguaré, São Paulo.


“Era como se eu fosse inexistente”


A primeira gestação de Letícia Lima, de 28 anos, também foi aos 16 anos de idade. Ela entende que quando um procedimento é feito sem autorização, quando o corpo é invadido, pode ser considerado como violência obstétrica. “Eles fizeram o corte, mas não me explicaram nada na hora. Depois falaram com minha mãe, era como se eu fosse inexistente”, nos relatou. Mãe de um menino e uma menina, ela conta que não pôde ter acompanhante no primeiro parto, e acredita que por ter passado por uma gestação na adolescência, sofreu preconceito por parte dos profissionais.


Uma questão de raça


Apesar das histórias serem diferentes, assim como as classes sociais, entre nossas três primeiras entrevistadas estão duas mulheres brancas e uma parda. A entrevista de Letícia, uma mulher preta, nos apontou a questão racial que vimos em nossas pesquisas.


É uma realidade cruel, racista e misógina. Quando falamos sobre raça e gênero, as mulheres negras são as que mais sofrem com os preconceitos disseminados pela sociedade. A crença de que mulheres negras são fortes vem de um passado escravagista e se perpetua até os dias de hoje.


A história da ginecologia moderna está atrelada aos comportamentos antiéticos quando falamos sobre a saúde de mulheres não brancas. Do uso de mulheres afrodescentes escravizadas para pesquisas no séc. IXX até o controle de natalidade feito a base de anticoncepcional, os profissionais ainda carregam erros do passado que impedem que pacientes pretas tenham um atendimento digno.




3 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page